Pelo mesmo motivo que eu pago uma
fortuna mensal pela minha DP de patologia I na faculdade e que não apoiei a
greve dos professores. Meu pai me ensinou a pensar antes de agir e a encarar as
conseqüências. Desisti de estudar
patologia já nos primeiros bimestres. Votei no Requião para governador. No
Eduardo Jorge no primeiro turno e Aécio Neves no segundo pra presidente da
república.
Pra deixar claro, minha mãe (é
professora) ficou profundamente magoada porque não apoiei os professores.
Chegou a escrever no meu carro que eu apoiava a greve e a ficar dias sem falar
comigo. Meu pai está me mandando pra rua neste momento, querendo que eu escreva
“Aécio” na testa e grite por mudanças. Ainda assim, minhas opiniões costumam
ser formulas, embasadas em argumentos e doutrinadas por mim. Inclusive, no
primeiro texto aqui afirmei que preconizaria textos mais tranqüilos, que não artigos
de opinião. Mas deixei claro que existiriam exceções.
Recentemente pintei a cara, fiz
cartazes (segue imagem com este texto), usei hashtag, estava lá quando paramos
a avenida Colombo, gritei “joga o pupin”, “sem violência”, “o gigante acordou”.
Invadi uma sessão secreta da câmara de vereadores de Maringá, briguei com
vários deles, fiz um chorar, virei fã de carteirinha de outro (Saudoso Dr.
Manoel – PCdoB), estava lá quando conseguimos que revogassem o aumento nas
passagens. Por várias noites cheguei em
casa com os pés doloridos, um sentimento inexplicável de fazer a revolução com
as próprias mãos, tomei chuva, fiquei resfriada, perdi horas de estudo, fui mal
na faculdade. Estava feliz demais. Porém, logo o gigante cochilou de novo e
poucos meses depois nas eleições o povo cagou na minha cara!
Nessa época dos protestos, o
cenário político era instável, o futuro incerto. Existia certo medo de novo
golpe militar. Senti-me na obrigação de levantar a bunda desse sofá confortável
e alertar o povo sobre o lixo que é o PT. Isso porque as eleições estavam próximas,
vivemos em um país democrático o voto livre e fazer valer nossas vontades. Como
meu advogado (petista doente, diga-se de passagem) costuma me dizer, precisamos
sempre esgotar as vias administrativas. O voto secreto era a via administrativa
neste caso. Entretanto, outubro chegou e o povo optou por dar continuidade ao
paternalismo.
Não, não estou em casa por birra
do povo que foi burro! Estou apenas poupando esforços. É justo que se pague por
seus erros. Tenho uma filosofia de vida: perdoar uma pessoa uma vez na vida, por
maior que seja o erro dela, o direito ao perdão é universal pra mim, como se
fosse o famoso “primeiro de campo” da queimada que jogávamos no colegial. Mas
pra segunda vez não há perdão, se a pessoa cometeu dois erros em uma vida só é
porque é uma pessoa de merda e não vai mudar. Meus caros, estamos no quarto
mandato seguido do PT. É imperdoável.
Eu tenho um “Q” de comunista. A paixão
da minha vida são as criancinhas barrigudas cheias de vermes! Getúlio Vargas, o
pai dos pobres, é um dos meus maiores ídolos políticos (depois do Fernando
Gabeira, FHC, Eduardo Jorge e Jango). Mas o que me deixa puta nessa onda
petista de merda é que nem pra fazer um governo popular essa merda serve!
Sinceramente, o primeiro mandato do Lula eu estava a favor dele (o segundo não porque
sou contra reeleição), acredito que era sim necessário ascender a classe C,
facilitar carro próprio, teto digno e cesta básica. Garantir saúde de qualidade
universal (e sim o SUS é um sistema lindo, bem estruturado, bem pensado, louvável
demais). Porém, agora já virou palhaçada. O “povão” já tem assistencialismo o
suficiente e deve agora aprender a pescar. E não passar tardes de sol na
varanda de casa bebendo cerveja enquanto envelhecemos e pagamos impostos.
Odeio tanto a Dilma quanto a
coordenadora do meu curso (acreditem, isso é muito!). Estou extremamente
putíssima da cara com o rumo que o país tomou. Em especial com o preço do
combustível (por questão particular mesmo, meu pai é dono de um posto de
combustível e eu sei bem o quanto os preços abusivos das refinarias afetam
nosso dia-a-dia), da energia elétrica, a redução no reajuste semestral do FIES
(de um dia para o outro o sistema passou a aceitar reajuste máximo de 6,4%, meu
curso aumentou bem mais que isso), da putaria que virou o site do mesmo FIES, o
escândalo dos “petroleiros” que a TV aberta e a revista Veja estão mascarando e
as medidas impensadas de cortes de gastos. Porra dona Dilma, somos a nação que
mais paga imposto nesse mar azul!
Porém, não vou pra rua. Porque não
votei nela. A hora de manifestar minha indignação foi a hora da urna! Fui lá e
fiz bem feito. Era clara a instabilidade política durante o mandato anterior,
era óbvio que se não tirássemos o PT do trono ia dar merda agora. Mas a população
não percebeu isso. A maioria quis assim. Quem vai pra rua hoje, ainda vai ser a
minoria. Ainda vai perder seu tempo. Um ou outro eleitor petista deve ter se
arrependido do voto e estar na rua hoje, se desculpando com o ego. Mas não foi
por um ou outro voto que perdemos. O que eu tenho a acrescentar de valioso aqui
é que quando as disciplinas de economia e política forem inseridas no nível
básico e médio de educação formaremos um país pensante, com políticos que
entendem de política, eleitores que entendem de políticas e vários cientistas e pesquisadores buscando
a cura do câncer.
Aos meus amigos que vão pra rua
hoje, envio toda a positividade. Quero estar errada, escrever na minha testa um
pedido de desculpas! Deixo claro que vai sim rolar uma movimentação bacana
hoje, um agito gostoso, corações verde e amarelo batendo forte. Mas, utilizo
esse texto enorme aqui para justificar minha ausência. E minha presença quase
coxinha enrolada num edredom no meu sofá confortável. Quem me conhece sabe, to infeliz
aqui no conforto. Meu desejo é estar na rua sentindo o coração pulsar. Eu AMO
muito tudo isso. Mas sair de casa hoje seria hipocrisia, seria ir contra meus princípios.
Além do mais, caso eu saísse de casa pedindo o que eu realmente acho que
solucionaria o problema seria espancada. Só pra citar, acredito em ciclos.
Ciclos que naturalmente se iniciam, entram em falência e se encerram. Esse
ciclo populista está declaradamente falido. E o novo ciclo que naturalmente
deveria se instalar é a nova ditadura militar! Porque se o povo é burro, merece
ser tratado como tal!
Ps. O texto está enorme
propositalmente. Pra que as pessoas que o leiam sejam pessoas seletas. Evitando
assim dor de cabeça pra mim. Não consigo imaginar ninguém que vá apoiar minhas opiniões
aqui ditas, porém consigo pensar no nome completo de dezenas que vão me
desgraçar por tudo o que disse aqui. Saliento que o blog é meu e ponto final.
Adendo: queria muito estar na rua, estou aqui sofrendo da síndrome das pernas
inquietas querendo sair gritando “fora Dilma vaca”!