sábado, 21 de fevereiro de 2015

Amigos em comum

Amigos em comum. Era tudo o que eles tinham. Era tudo o que ela achava que eles tinham em comum. Nem amigos entre si eles eram. Quatro, cinco, dez vezes eles acabaram se esbarrando. Os amigos de quando em quando marcavam jantares, baladas, passeios. Assim eles foram se tornando mais próximos.
Ela começou a rir das piadas dele. Ele percebeu e começou a fazer mais e mais piadas. Em uma madrugada fria ele ofereceu carona pra casa. Ela aceitou e percebeu que a playlist dele se enquadrava aos gostos dela. Combinaram de sair para ouvir boa música “qualquer dia desses”.
No dia seguinte um amigo a comunicou sobre um show que teria na cidade vizinha, “o surto”. E foram todos juntos. Ela ficou alegre, pois o “qualquer dia desses” chegou rápido; a música era de fato boa. A banda engraçada. Riram. Ele ofereceu carona novamente. Ela já se sentia confortável no carro dele. Conversaram muito mesmo. Marcaram um jantar japonês para a noite seguinte.
Ela passou o dia alegre por saber que partilhavam do mesmo gosto culinário. Ele contou os minutos para a noite chegar. No horário marcado, ele abriu a porta do carro para que ela entrasse e a cumprimentou com um beijo na testa. No restaurante, fez o pedido da bebida sem que ela sugerisse algo. E acertou em cheio. Beberam a cerveja preferida de ambos.
Passaram a trocar mensagens de WhatsApp, fotografias do dia a dia, desejos de “boa noite” e “bom dia”. Ela chamava os amigos pra sair quase que diariamente a fim de vê-lo. Ele passava o tempo todo olhando nos olhos dela. Ele roubou um beijo. Ela retribuiu.
Ela se sentia uma princesa. Ele agia como um verdadeiro príncipe. Passavam muito tempo juntos, todos os dias. Viajaram. Fizeram planos. Estavam cada vez mais próximos, cada pouco mais felizes. Tornou-se uma espécie de vício. Não se imaginavam mais sozinhos.
Um dia um amigo em comum ligou. Avisou que sentia falta dos dois. Chamou-os para sair. Eles foram. Ele percebeu que sentia falta da sua vida com os amigos. Surtou! Pediu a ela espaço, e se foi. Ela sentiu falta dos abraços durante o sono. Das mãos dele no cabelo dela. Das brincadeiras. De implicar com o sorriso dele. Dos presentes. Do café da manhã. Ela sofreu calada. Ele reencontrou um outro alguém. E sofreu ainda mais, porque aquele alguém não era ela.
Um bom tempo depois, coincidentemente, ambos toparam sair com os amigos em comum. Na chegada um percebeu a presença do outro, o perfume. Ele se desculpou. Ela o desculpou. Os amigos compreenderam. Compreenderam que estavam errados quando diziam que ela tinha o “coração de mármore” e que ele não sabia amar.

Hoje eles entendem que são fundamentais um para o outro. Saem com os amigos semanalmente. Descobriram que esses amigos são apenas um dos pontos em comum entre os dois. E que de tantos pontos em comuns, formam-se retas entre ambos. Retas que constroem uma estrada. Uma bela estrada para uma vida toda.

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

Ao meu amor:

Meu amor, a saudade apertou. Penso em você quase toda noite. Sinto falta dos seus pés na minha cama. Do lixo que você acumulava sobre a pia. Queria saber se a cicatriz do seu abdome ainda está hipertrófica. Se você tem aparado a barba, cortado o cabelo. Se trocou o carro. Como vai a faculdade. O trabalho. Os planos. Se tem lido. Saído. Viajado. Se a grana está curta.  Se já se rendeu e passou a sonhar em constituir família. Com quantos travesseiros tem dormido.
Eu estou bem. Nosso cachorro parece sentir sua falta. Por vezes fica confuso com presença masculina em casa. Adapta-se facilmente a todos os meus amigos. É papai, teve quatro filhotes. Um deles é meu mais novo docinho.
Tenho saído bastante. Fiz tantos, mas tantos amigos que nem tenho como numerar. Conheci muitos lugares. Dormi “em tanta casa que nem me lembro mais”. Experimentei muitas sensações, comidas, molhos e músicas. Estampei um sorriso no meu rosto, desde então sorrio de vagar para sorrir sempre. E de quando em quando dou gargalhadas infinitas.
Enfim, hoje lhe escrevo para agradecer. Agradecer por você ter me pedido pra sair da sua vida. Ter me jogado, sozinha com nossos sonhos, nesse mundo frio e cruel. Sofri intensivamente para depois perceber o quanto sua ausência me faz bem. Hoje posso dizer que sou feliz e nunca amei na vida.

Finalmente, hoje sou eu mesma. A pessoa que sempre quis ser. Gostaria de lhe dizer que “agora só falta você”. Mas, minhas paixonites agudas estão me bastando. Obrigada por tudo meu amor. Saudades.



Adendo: Esse é o "meu texto meu" preferido. Na época em que escrevi eu li ele tantas vezes que decorei algumas partes. Por isso fiz questão de iniciar com ele. Porém, quando li novamente pra postar, achei meio bosta! Acho já me fez mais sentido, sei lá. Enfim, tá aí! Sobre as postagens: pensei em fazê-las diariamente, mudei pra semanalmente e agora decidi fazer quando estiver a fim! "Fuck the rules". 

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

O Início

O início:

Olá! Meu “momento mental” me impede de escrever algo bem bolado. Porém, se eu desse início ao blog em um momento melhor não seria eu mesma. Deixo então – assim de cara – claro que é assim que eu vivo. Torta. Tomando sempre os caminhos mais longos e as decisões mais erradas. E contente com o final.
Escrevi esse primeiro parágrafo há uns três meses. Estava em um período entre provas regulares e recuperações. Depois te ter terminado o semestre com bons resultados e ter passado as férias numa boa, acredito que estou apta para concluir este texto. E, quem sabe, finalmente lançar o blog.
Pois bem, nada mais justo que um primeiro post se tratar de um texto de esclarecimento. Vamos lá. Primeiro, o título: há um bom tempo que esta palavra permeia minhas ideias. Honestamente não lembro com exatidão onde a ouvi. É possível que tenha sido em algum besteirol da TV. Levando em conta minha mania – quase ofensiva – em falar o que penso e constantemente me envolver em intrigas por conta disso, achei perfeito!
No ano retrasado dei início a um projeto, uma coluna em um jornal impresso da minha cidade. “Folha do Lago”. Pensei em usar este título para a coluna. Porém, como foi meu pai quem abriu a porta pra mim (visto que ele é sócio no jornal em questão), e sendo ele a pessoa que eu mais amo neste mundo, achei mais justo que ele escolhesse o título na ocasião. Encaixou perfeitamente também, “Chamam de Manu mas é Manuela.” Completa como o nome.
A coluna me rendeu prazer imenso por pouco mais de um ano. Mesclado à confusão, novos inimigos gratuitos, tempo apertado, e um “boom” de ideias escritas. Porque convenhamos, quando externamos nossas ideias pensamos melhor. Por dois ou três motivos, dei um tempo na coluna. E a partir de sugestões de amigos resolvi iniciar com o blog e ter finalmente algo para intitular “Sincericida”.
Sobre minha capacidade como escritora: é mínima! O que sei sobre português, gramatica, e etc e tal advêm do conhecimento adquirido no colegial (com excelentes professores diga-se de passagem). Comecei a gostar de escrever quando minhas redações começaram a receber elogios na escola. Quando me dei conta de que a nota da redação seria decisiva para meu ingresso na faculdade, passei a me dedicar muito a isso e logo a amar escrever. Tanto que no ano em que passei no vestibular pra medicina, havia decidido que se não passasse faria jornalismo (foi aquele mesmo ano em que o diploma de jornalismo deixou de ser obrigatório). Dito isso, espero que compreendam que meus textos não são absolutamente redondos ou perfeitos. E a vantagem de um blog é justamente essa liberdade em errar.
Aceito críticas. Entretanto, estou um pouco velha pra abrir leque de discussões, responder a insultos, “tretar” nos comentários e afins. Logicamente de quando em quando não vou resistir e me defenderei. Busco textos mais genéricos, que fujam de crítica social. Para evitar problemas maiores. “But”, por vezes não resisto e solto o verbo! Pra esclarecer desde já, os textos serão em sua maioria crônicas românticas do dia a dia. Histórias “bobinhas” (digo bobinhas entre aspas porque da última vez que me referia aos meus textos como bobinhos sem aspas alguém – palavras do meu pai – ignorante se ofendeu). Mas, não são historias que eu tenha vivido. Funciona mais ou menos assim: eu vivi algo e peguei daquilo um ponto e criei uma historia. Vi alguma cena que me inspirou e criei. Imaginei algo com alguém e criei. Alguma amiga me contou algo sobre o namorado e criei. Por vezes realmente vivi e transcrevi o verídico. Mas essas serão a minoria. Portanto, não me julguem como uma louca apaixonada por vários caras e com varias historias de amor diferente. E menos ainda fiquem tentando descobrir quem são os personagens. Grata!

Por último, sobre mim: Manuela Forlin Rover, 23 anos. Quartoanista do curso de medicina na Faculdade Ingá, Maringá - PR. Nascida e criada em Nova Prata do Iguaçu – PR. “Mini cidade” no sudoeste do estado, apaixonante. Primeira filha de um casal de adolescentes que “casou gravido” e vive a adolescência até hoje. Suficientemente mimada. Irmã de duas criaturas insuportavelmente maravilhosas, Edson Luiz e Pedro.    Cheia de ideias, princípios e regras – sendo essas feitas para serem quebradas. Apaixonada por Rock and Roll, ar puro, educação, respeito, salto alto, clínica cirúrgica, edredom e pelo meu cachorro Bobisteka. Mato e morro pelo meus amigos, que são poucos. Nem tão poucos. Escrevo por hobby e me canso fácil. Vivo em função da felicidade de meus pais e meus irmãos. Logo, apenas a opinião deles me importa. Por mais cruel que isso venha a soar. Fria, solitária, feliz e infeliz concomitantemente. Muito prazer. Sejam bem vindos!
Ressalva: nada mais digno que o primeiro texto não ter sido relido e menos ainda corrigido.