sexta-feira, 10 de abril de 2015

O poder do amor próprio

Minha ignorância não é grande o suficiente a ponto de me permitir desacreditar na poligamia. Sabe-se que historicamente, nós mamíferos, somos poligâmicos. Por mais primitivo que possa soar, carregamos em nosso material genético o gene para tal fim – por assim dizer.
Em contra partida, somos culturalmente monogâmicos. Integrantes de uma sociedade em que a vida deve ser vivida em dupla. A gente cresce sabendo que a base de uma família é uma dupla, o papai e a mamãe. E que esses, apenas juntos, são capazes de dar continuidade à sua árvore genealógica e passar valores aos seus filhos.
Sendo assim, o que se faz é passar metade de uma vida tentando suprimir os instintos poligâmicos durante uma busca incessante por um par. Aí, chega uma hora que o par se forma. A felicidade é alcançada. E só o que falta ao protagonista desta história e se reproduzir e morrer (afinal, conforme se aprende no colégio, todos os seres vivos nascem, crescem, reproduzem-se e morrem).
Porém, há (muitos) casos em que um dos integrantes do par é primitivo o suficiente a ponto de não controlar seu gene poligâmico. E o outro é “ovelhinha do sistema” o suficiente a ponto de não admitir o rompimento de um par. É aí que nascem a traição e os casamentos eternamente infelizes e frustrados.
Para viver nesse jogo de opostos (entre o que nos é imposto pela cultura e pela genética), é que existe o amor. O amor próprio! Que quando mesclado com uma quantidade ínfima de inteligência e capacidade adaptativa costuma funcionar muito bem, em todas as circunstâncias.

Quando o amor por si mesmo existe, é possível inclusive amar uma segunda pessoa. O suficiente para respeitá-la e manter o destrutivo gene para poligamia em estado de latência por toda uma vida. E para os casos que essa “segunda pessoa” tão pequena que se torna incapaz de retribuir este respeito, o amor próprio também funciona. Afinal, se você ama mais a si próprio, logo vai esquecer mágoas passadas. E, inclusive, ser periférico a esse sistema todo e viver uma vida muito feliz e sem uma dupla.


http://letras.mus.br/legiao-urbana/46932/

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