Minha ignorância não é grande o
suficiente a ponto de me permitir desacreditar na poligamia. Sabe-se que
historicamente, nós mamíferos, somos poligâmicos. Por mais primitivo que possa
soar, carregamos em nosso material genético o gene para tal fim – por assim
dizer.
Em contra partida, somos
culturalmente monogâmicos. Integrantes de uma sociedade em que a vida deve ser
vivida em dupla. A gente cresce sabendo que a base de uma família é uma dupla,
o papai e a mamãe. E que esses, apenas juntos, são capazes de dar continuidade
à sua árvore genealógica e passar valores aos seus filhos.
Sendo assim, o que se faz é
passar metade de uma vida tentando suprimir os instintos poligâmicos durante
uma busca incessante por um par. Aí, chega uma hora que o par se forma. A
felicidade é alcançada. E só o que falta ao protagonista desta história e se
reproduzir e morrer (afinal, conforme se aprende no colégio, todos os seres
vivos nascem, crescem, reproduzem-se e morrem).
Porém, há (muitos) casos em que
um dos integrantes do par é primitivo o suficiente a ponto de não controlar seu
gene poligâmico. E o outro é “ovelhinha do sistema” o suficiente a ponto de não
admitir o rompimento de um par. É aí que nascem a traição e os casamentos
eternamente infelizes e frustrados.
Para viver nesse jogo de opostos
(entre o que nos é imposto pela cultura e pela genética), é que existe o amor.
O amor próprio! Que quando mesclado com uma quantidade ínfima de inteligência e
capacidade adaptativa costuma funcionar muito bem, em todas as circunstâncias.
Quando o amor por si mesmo
existe, é possível inclusive amar uma segunda pessoa. O suficiente para
respeitá-la e manter o destrutivo gene para poligamia em estado de latência por
toda uma vida. E para os casos que essa “segunda pessoa” tão pequena que se
torna incapaz de retribuir este respeito, o amor próprio também funciona.
Afinal, se você ama mais a si próprio, logo vai esquecer mágoas passadas. E,
inclusive, ser periférico a esse sistema todo e viver uma vida muito feliz e sem uma dupla.
http://letras.mus.br/legiao-urbana/46932/
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