domingo, 15 de março de 2015

Porque eu não vou pra manifestação pedir o impeachment:




Pelo mesmo motivo que eu pago uma fortuna mensal pela minha DP de patologia I na faculdade e que não apoiei a greve dos professores. Meu pai me ensinou a pensar antes de agir e a encarar as conseqüências.  Desisti de estudar patologia já nos primeiros bimestres. Votei no Requião para governador. No Eduardo Jorge no primeiro turno e Aécio Neves no segundo pra presidente da república.
Pra deixar claro, minha mãe (é professora) ficou profundamente magoada porque não apoiei os professores. Chegou a escrever no meu carro que eu apoiava a greve e a ficar dias sem falar comigo. Meu pai está me mandando pra rua neste momento, querendo que eu escreva “Aécio” na testa e grite por mudanças. Ainda assim, minhas opiniões costumam ser formulas, embasadas em argumentos e doutrinadas por mim. Inclusive, no primeiro texto aqui afirmei que preconizaria textos mais tranqüilos, que não artigos de opinião. Mas deixei claro que existiriam exceções.
Recentemente pintei a cara, fiz cartazes (segue imagem com este texto), usei hashtag, estava lá quando paramos a avenida Colombo, gritei “joga o pupin”, “sem violência”, “o gigante acordou”. Invadi uma sessão secreta da câmara de vereadores de Maringá, briguei com vários deles, fiz um chorar, virei fã de carteirinha de outro (Saudoso Dr. Manoel – PCdoB), estava lá quando conseguimos que revogassem o aumento nas passagens.  Por várias noites cheguei em casa com os pés doloridos, um sentimento inexplicável de fazer a revolução com as próprias mãos, tomei chuva, fiquei resfriada, perdi horas de estudo, fui mal na faculdade. Estava feliz demais. Porém, logo o gigante cochilou de novo e poucos meses depois nas eleições o povo cagou na minha cara!
Nessa época dos protestos, o cenário político era instável, o futuro incerto. Existia certo medo de novo golpe militar. Senti-me na obrigação de levantar a bunda desse sofá confortável e alertar o povo sobre o lixo que é o PT. Isso porque as eleições estavam próximas, vivemos em um país democrático o voto livre e fazer valer nossas vontades. Como meu advogado (petista doente, diga-se de passagem) costuma me dizer, precisamos sempre esgotar as vias administrativas. O voto secreto era a via administrativa neste caso. Entretanto, outubro chegou e o povo optou por dar continuidade ao paternalismo.
Não, não estou em casa por birra do povo que foi burro! Estou apenas poupando esforços. É justo que se pague por seus erros. Tenho uma filosofia de vida: perdoar uma pessoa uma vez na vida, por maior que seja o erro dela, o direito ao perdão é universal pra mim, como se fosse o famoso “primeiro de campo” da queimada que jogávamos no colegial. Mas pra segunda vez não há perdão, se a pessoa cometeu dois erros em uma vida só é porque é uma pessoa de merda e não vai mudar. Meus caros, estamos no quarto mandato seguido do PT. É imperdoável.
Eu tenho um “Q” de comunista. A paixão da minha vida são as criancinhas barrigudas cheias de vermes! Getúlio Vargas, o pai dos pobres, é um dos meus maiores ídolos políticos (depois do Fernando Gabeira, FHC, Eduardo Jorge e Jango). Mas o que me deixa puta nessa onda petista de merda é que nem pra fazer um governo popular essa merda serve! Sinceramente, o primeiro mandato do Lula eu estava a favor dele (o segundo não porque sou contra reeleição), acredito que era sim necessário ascender a classe C, facilitar carro próprio, teto digno e cesta básica. Garantir saúde de qualidade universal (e sim o SUS é um sistema lindo, bem estruturado, bem pensado, louvável demais). Porém, agora já virou palhaçada. O “povão” já tem assistencialismo o suficiente e deve agora aprender a pescar. E não passar tardes de sol na varanda de casa bebendo cerveja enquanto envelhecemos e pagamos impostos.
Odeio tanto a Dilma quanto a coordenadora do meu curso (acreditem, isso é muito!). Estou extremamente putíssima da cara com o rumo que o país tomou. Em especial com o preço do combustível (por questão particular mesmo, meu pai é dono de um posto de combustível e eu sei bem o quanto os preços abusivos das refinarias afetam nosso dia-a-dia), da energia elétrica, a redução no reajuste semestral do FIES (de um dia para o outro o sistema passou a aceitar reajuste máximo de 6,4%, meu curso aumentou bem mais que isso), da putaria que virou o site do mesmo FIES, o escândalo dos “petroleiros” que a TV aberta e a revista Veja estão mascarando e as medidas impensadas de cortes de gastos. Porra dona Dilma, somos a nação que mais paga imposto nesse mar azul!
Porém, não vou pra rua. Porque não votei nela. A hora de manifestar minha indignação foi a hora da urna! Fui lá e fiz bem feito. Era clara a instabilidade política durante o mandato anterior, era óbvio que se não tirássemos o PT do trono ia dar merda agora. Mas a população não percebeu isso. A maioria quis assim. Quem vai pra rua hoje, ainda vai ser a minoria. Ainda vai perder seu tempo. Um ou outro eleitor petista deve ter se arrependido do voto e estar na rua hoje, se desculpando com o ego. Mas não foi por um ou outro voto que perdemos. O que eu tenho a acrescentar de valioso aqui é que quando as disciplinas de economia e política forem inseridas no nível básico e médio de educação formaremos um país pensante, com políticos que entendem de política, eleitores que entendem de políticas  e vários cientistas e pesquisadores buscando a cura do câncer.
Aos meus amigos que vão pra rua hoje, envio toda a positividade. Quero estar errada, escrever na minha testa um pedido de desculpas! Deixo claro que vai sim rolar uma movimentação bacana hoje, um agito gostoso, corações verde e amarelo batendo forte. Mas, utilizo esse texto enorme aqui para justificar minha ausência. E minha presença quase coxinha enrolada num edredom no meu sofá confortável. Quem me conhece sabe, to infeliz aqui no conforto. Meu desejo é estar na rua sentindo o coração pulsar. Eu AMO muito tudo isso. Mas sair de casa hoje seria hipocrisia, seria ir contra meus princípios. Além do mais, caso eu saísse de casa pedindo o que eu realmente acho que solucionaria o problema seria espancada. Só pra citar, acredito em ciclos. Ciclos que naturalmente se iniciam, entram em falência e se encerram. Esse ciclo populista está declaradamente falido. E o novo ciclo que naturalmente deveria se instalar é a nova ditadura militar! Porque se o povo é burro, merece ser tratado como tal!

Ps. O texto está enorme propositalmente. Pra que as pessoas que o leiam sejam pessoas seletas. Evitando assim dor de cabeça pra mim. Não consigo imaginar ninguém que vá apoiar minhas opiniões aqui ditas, porém consigo pensar no nome completo de dezenas que vão me desgraçar por tudo o que disse aqui. Saliento que o blog é meu e ponto final. Adendo: queria muito estar na rua, estou aqui sofrendo da síndrome das pernas inquietas querendo sair gritando “fora Dilma vaca”!

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