segunda-feira, 23 de março de 2015

Café expresso


É terrível quando alguém te faz bem. Pior ainda quando este bem é grande demais. Essa pessoa passa a brilhar tanto pra você que todas as outras ofuscam. E então, sem perceber, você deixa seu mundo orbitar em torno deste ser. Quanto ao restante da humanidade, torna-se indiferente pra ti e você abstrai. Eis que repentinamente – quando você já nem se lembra mais de que há um mundo na penumbra do “menino dos olhos” – ele desaparece. E você... Quem era mesmo você antes dele?
Pior ainda quando esta pessoa conquista seu coração gradualmente. Chega sorrateiro, aos poucos se torna seu ‘amiguinho’. Vocês se dão conta de que tem o mesmo gosto musical, opinião política, fascínio por Coca – Cola. Sem perceber, o “bom dia” e o “boa noite” são agora cruciais no teu dia. Os encontros ficam cada vez mais frequentes você é capaz de passar cada vez menos tempo sem pensar nele, vê-lo, ou ao menos trocar mensagem. Sente-se quase pedante, mas não consegue conviver com a ansiedade acarretada pela ausência dele; portanto o máximo que consegue é ficar (longos) minutos sem trocar uma ideia com o tal.

Pois bem. Quando esse ser maravilhoso enfim retorna ao mundo mágico de onde caiu, você se vê sozinha. Com uma cratera onde antes estava anatomicamente posicionado um coração. Jura jamais se deixa levar novamente. Sofre e chora – é assim que tem que ser. E... um novo ‘mozão’ aparece. Tocando fogo no Alasca que você vivia. E a vida segue, oscilando entre o quente e o frio, jamais morna. Estilo café expresso.

domingo, 15 de março de 2015

Porque eu não vou pra manifestação pedir o impeachment:




Pelo mesmo motivo que eu pago uma fortuna mensal pela minha DP de patologia I na faculdade e que não apoiei a greve dos professores. Meu pai me ensinou a pensar antes de agir e a encarar as conseqüências.  Desisti de estudar patologia já nos primeiros bimestres. Votei no Requião para governador. No Eduardo Jorge no primeiro turno e Aécio Neves no segundo pra presidente da república.
Pra deixar claro, minha mãe (é professora) ficou profundamente magoada porque não apoiei os professores. Chegou a escrever no meu carro que eu apoiava a greve e a ficar dias sem falar comigo. Meu pai está me mandando pra rua neste momento, querendo que eu escreva “Aécio” na testa e grite por mudanças. Ainda assim, minhas opiniões costumam ser formulas, embasadas em argumentos e doutrinadas por mim. Inclusive, no primeiro texto aqui afirmei que preconizaria textos mais tranqüilos, que não artigos de opinião. Mas deixei claro que existiriam exceções.
Recentemente pintei a cara, fiz cartazes (segue imagem com este texto), usei hashtag, estava lá quando paramos a avenida Colombo, gritei “joga o pupin”, “sem violência”, “o gigante acordou”. Invadi uma sessão secreta da câmara de vereadores de Maringá, briguei com vários deles, fiz um chorar, virei fã de carteirinha de outro (Saudoso Dr. Manoel – PCdoB), estava lá quando conseguimos que revogassem o aumento nas passagens.  Por várias noites cheguei em casa com os pés doloridos, um sentimento inexplicável de fazer a revolução com as próprias mãos, tomei chuva, fiquei resfriada, perdi horas de estudo, fui mal na faculdade. Estava feliz demais. Porém, logo o gigante cochilou de novo e poucos meses depois nas eleições o povo cagou na minha cara!
Nessa época dos protestos, o cenário político era instável, o futuro incerto. Existia certo medo de novo golpe militar. Senti-me na obrigação de levantar a bunda desse sofá confortável e alertar o povo sobre o lixo que é o PT. Isso porque as eleições estavam próximas, vivemos em um país democrático o voto livre e fazer valer nossas vontades. Como meu advogado (petista doente, diga-se de passagem) costuma me dizer, precisamos sempre esgotar as vias administrativas. O voto secreto era a via administrativa neste caso. Entretanto, outubro chegou e o povo optou por dar continuidade ao paternalismo.
Não, não estou em casa por birra do povo que foi burro! Estou apenas poupando esforços. É justo que se pague por seus erros. Tenho uma filosofia de vida: perdoar uma pessoa uma vez na vida, por maior que seja o erro dela, o direito ao perdão é universal pra mim, como se fosse o famoso “primeiro de campo” da queimada que jogávamos no colegial. Mas pra segunda vez não há perdão, se a pessoa cometeu dois erros em uma vida só é porque é uma pessoa de merda e não vai mudar. Meus caros, estamos no quarto mandato seguido do PT. É imperdoável.
Eu tenho um “Q” de comunista. A paixão da minha vida são as criancinhas barrigudas cheias de vermes! Getúlio Vargas, o pai dos pobres, é um dos meus maiores ídolos políticos (depois do Fernando Gabeira, FHC, Eduardo Jorge e Jango). Mas o que me deixa puta nessa onda petista de merda é que nem pra fazer um governo popular essa merda serve! Sinceramente, o primeiro mandato do Lula eu estava a favor dele (o segundo não porque sou contra reeleição), acredito que era sim necessário ascender a classe C, facilitar carro próprio, teto digno e cesta básica. Garantir saúde de qualidade universal (e sim o SUS é um sistema lindo, bem estruturado, bem pensado, louvável demais). Porém, agora já virou palhaçada. O “povão” já tem assistencialismo o suficiente e deve agora aprender a pescar. E não passar tardes de sol na varanda de casa bebendo cerveja enquanto envelhecemos e pagamos impostos.
Odeio tanto a Dilma quanto a coordenadora do meu curso (acreditem, isso é muito!). Estou extremamente putíssima da cara com o rumo que o país tomou. Em especial com o preço do combustível (por questão particular mesmo, meu pai é dono de um posto de combustível e eu sei bem o quanto os preços abusivos das refinarias afetam nosso dia-a-dia), da energia elétrica, a redução no reajuste semestral do FIES (de um dia para o outro o sistema passou a aceitar reajuste máximo de 6,4%, meu curso aumentou bem mais que isso), da putaria que virou o site do mesmo FIES, o escândalo dos “petroleiros” que a TV aberta e a revista Veja estão mascarando e as medidas impensadas de cortes de gastos. Porra dona Dilma, somos a nação que mais paga imposto nesse mar azul!
Porém, não vou pra rua. Porque não votei nela. A hora de manifestar minha indignação foi a hora da urna! Fui lá e fiz bem feito. Era clara a instabilidade política durante o mandato anterior, era óbvio que se não tirássemos o PT do trono ia dar merda agora. Mas a população não percebeu isso. A maioria quis assim. Quem vai pra rua hoje, ainda vai ser a minoria. Ainda vai perder seu tempo. Um ou outro eleitor petista deve ter se arrependido do voto e estar na rua hoje, se desculpando com o ego. Mas não foi por um ou outro voto que perdemos. O que eu tenho a acrescentar de valioso aqui é que quando as disciplinas de economia e política forem inseridas no nível básico e médio de educação formaremos um país pensante, com políticos que entendem de política, eleitores que entendem de políticas  e vários cientistas e pesquisadores buscando a cura do câncer.
Aos meus amigos que vão pra rua hoje, envio toda a positividade. Quero estar errada, escrever na minha testa um pedido de desculpas! Deixo claro que vai sim rolar uma movimentação bacana hoje, um agito gostoso, corações verde e amarelo batendo forte. Mas, utilizo esse texto enorme aqui para justificar minha ausência. E minha presença quase coxinha enrolada num edredom no meu sofá confortável. Quem me conhece sabe, to infeliz aqui no conforto. Meu desejo é estar na rua sentindo o coração pulsar. Eu AMO muito tudo isso. Mas sair de casa hoje seria hipocrisia, seria ir contra meus princípios. Além do mais, caso eu saísse de casa pedindo o que eu realmente acho que solucionaria o problema seria espancada. Só pra citar, acredito em ciclos. Ciclos que naturalmente se iniciam, entram em falência e se encerram. Esse ciclo populista está declaradamente falido. E o novo ciclo que naturalmente deveria se instalar é a nova ditadura militar! Porque se o povo é burro, merece ser tratado como tal!

Ps. O texto está enorme propositalmente. Pra que as pessoas que o leiam sejam pessoas seletas. Evitando assim dor de cabeça pra mim. Não consigo imaginar ninguém que vá apoiar minhas opiniões aqui ditas, porém consigo pensar no nome completo de dezenas que vão me desgraçar por tudo o que disse aqui. Saliento que o blog é meu e ponto final. Adendo: queria muito estar na rua, estou aqui sofrendo da síndrome das pernas inquietas querendo sair gritando “fora Dilma vaca”!

sábado, 14 de março de 2015

Seu abraço

O que me derruba são esses seus abraços jogados. Quando você chega e se joga em mim. Sem cautela alguma. Sem se preocupar com o impacto todo. Todo desajeitado e com o olhar perdido. Simplesmente se deixa cair em mim. E eu me deixo cair por você. Por que isso tudo que você trás ao abrir a porta é pesado demais para meus ombros frágeis.
Como um soldado desarmado você me engloba. Seus olhos cansados encontram meus olhos molhados. E essas montanhas de sentimentos que somos, se desfazem. Meu eu se perde em você. Toda aquela complexidade se planifica. Ao esquecer o passado já não sabemos qual o futuro.

Todo errado você vem, sem ligar pra exatamente em que parte do meu corpo seus braços vão se encaixar. Porque você sabe que sempre vai haver encaixe. E de repente eu me torno tão pequena. Mas tão bem acomodada em seu corpo confortável.  Meu amor, se for pra enlouquecer que seja em seus braços e abraços.

segunda-feira, 2 de março de 2015

Rótulos

O que estraga um namoro é namorar. Essa mania de namorado – quase que automática – em ficar escoltando a vida da parceira estraga tudo. No começo até soa bonitinho, fofinho. Mas sufoca. Outro erro Crasso é elaborar uma rotina na qual além da sua própria rotina você vive integralmente a rotina do outro. Sabe a que horas a pessoa acorda, quanto tempo leva no transito, com quem almoça, se está sentindo calor à tarde, com que roupa vai à academia. E de quebra, se sente no direito de opinar no dia a dia desse seu mais novo fantoche.
Um grande aliado nessa arte da escolta é o smartphone. As regras ouro são: nunca permitir que a bateria acabe e que o 3G caia. Ambas quase inevitáveis. Mas, uma boa namorada anda com um carregador na bolsa e rouba wi-fi de cada estabelecimento que frequenta. Assim, é possível que seu “amor” acompanhe de perto o seu dia. Observe sua última visualização no whatsApp (porque obviamente uma namorada que se preze não oculta visualização) e receba fotos instantâneas de cada passo seu.
E aí, esse típico casal combina já na quarta-feira feira de manhã onde irão jantar. E no jantar, programam todo o final de semana. Milimétricamente. Eles conhecem o guarda roupa um do outro, sabem o que guardam no porta-luvas de seus respectivos carros, e em qual semáforo ela doou a moeda de dez centavos que estava no porta-objetos desde segunda-feira. E então, desse modo patético se encaminha um namoro comum.
Acontece, que o amor, a paixão e a juventude vão muito além dessa ladainha toda. A grande sacada da felicidade é deixar rolar, o famoso “Vâm Vivê, depois a gente vê”. Receber uma ligação do cara que você ama, no meio de uma madrugada comum, dizendo que tá com medo de dormir sozinho. Sair pra tomar um sorvete no sábado à tarde e voltar pra casa só na segunda-feira cedo. Não ter o famoso “seu lado da cama”. Ir com suas amigas pra um show e esquecer-se de chamar seu amor. Esquecer datas especiais, horário do cinema, jantares com as famílias. Atrasar-se. Não trair, nem a ele e nem a você mesma, porque essa atipia lhe faz gostar tão intensamente que naturalmente a honestidade anda junto.

O ápice do amor acontece quando você vive seu mundo, ele o dele e juntos vocês vivem um terceiro plano. Uma bolha, só de vocês. Sem regra ou pudor algum, sem poluição do mundo exterior. Sem rotina. Sem rótulo. Sem cobrança. Sem horário. E com uma expectativa tremenda, que se faz e se desfaz constantemente. Servindo de combustível pra essa loucura toda e garantindo um “boom” de emoções que te faz sentir-se viva. E quando alguém pergunta qual a relação entre vocês, nenhum dos dois sente vontade de responder que namoram.  Porque, a verdade é que a relação de vocês é só a melhor relação do mundo.