É como se andássemos calmamente, de mão dadas, circulando
uma casinha de gás de cozinha. Ele com um gigante galão de gasolina, derramando
o líquido por onde passamos. Eu com uma pequenina caixa de palitos de fósforo,
pronta para riscar um deles subitamente.
Enquanto isso, lá estamos nós. Nos beijando, dançando,
cantando e rindo. Fazendo planos, promessas e sonhos. Observando delicadamente
a beleza um do outro, os seus detalhes mais sutis. Alguém que nos vê jura que somos
sinônimo de amor eterno, leve e calmo.
E então, em um momento qualquer, eu resolvo riscar um dos
palitos na caixa. A explosão é quase ensurdecedora. Estamos lá, só nós dois, no
meio de muito fogo. Gritando e nos estapeando. Correndo de um lado pro outro e
proferindo palavrões. Alguém que nos vê jura que é nosso último momento juntos,
que somos desequilibrados e não estamos em sintonia.
Em seguida, o fogo acalma. Ele me entrega meus palitos de
fósforo e pega seu galão de gasolina. Voltamos a nos beijar, com mais vontade
ainda que anteriormente. Começamos a concretizar alguns dos planos e a fazer
outros. Observo um lindo detalhe em seu rosto que ainda não havia percebido e
apresento a ele um sorriso meu que ele ainda não conhecia.
Seguimos nosso caminho perigosamente descompassados.
Segurando cada vez mais forte a mão um do outro. Sem saber o que faremos no dia
seguinte. Sem saber quando vou riscar o próximo palito. Sem saber quando a
gasolina vai acabar. Alguém que nos vê jura que não entende absolutamente nada.
É o maior amor do mundo!
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