quinta-feira, 16 de junho de 2016

Segunda versão



Aquele dia tinha sido cansativo demais, eu precisava reunir minhas amigas pra esquecer do mundo um pouco. No meu bar preferido iria tocar uma banda que eu tinha assistido uma vez e não curtido muito. Resolvi ir pra lá mesmo assim, dar uma nova chance à banda. Chegamos cedo, sentamos no meio do bar. De tempos em tempos eu levantava com alguma amiga - ou sozinha - pra sair do meio da "muvuca" e dar uma respirada, sem nem reparar na galera que estava em minha volta.

O show começou. Lá de fora o repertório me pareceu bem mais interessante que eu lembrava. Chamei uma amiga pra ir ver a apresentação mais de perto. A banda estava mandando realmente bem. Passamos o restante do show na frente do palco. Entre um comentário e outro com minha amiga, eu olhava pro palco. Os meninos da banda eram bonitos e me encantavam com a expressão de contentamento no que estavam fazendo. Fico admirada com gente que ama o que faz. Troquei vários olhares, mas nenhum me chamou atenção.

Quando o show acabou eu já havia esquecido do mundo lá fora. Estava feliz.  E já embriagada o suficiente pra ser simpática com todo mundo. Fiz vários "amigos de bar". Encontrei vários conhecidos. E me perdi no meio de todas aquelas pessoas interessantes/desinteressantes. Já no fim da noite, sentei no muro no canto do bar. Estava cansada, esperando minhas amigas para voltar pra casa. Neste momento um menino se sentou do meu lado, com um bom papo. Ele me disse que era o baixista, não consegui lembrar do rosto dele.

Eu não sorri pra ele, porque minha cota de sorrisos da noite já havia se esgotado. Mas trocamos uma ideia bem envolvente. Até ele mandar uma cantada muito ruim e eu dar um fora ainda pior. Entretanto, antes de ir embora ele pediu meu celular, passei. Queria manter contato, ele parecia legal; lembrava meus amigos. Horas depois, quando me acordei, ele havia mandado whatsApp. Respondi cordialmente. A conversa fluiu como se realmente fossemos amigos de longa data.

No meio da semana me chamou pra um role. Percebi que ele estava querendo algo a mais que amizade. Inventei que tinha uma amiga a fim dele, pra despistar. Porém, eu já estava programada pra ir neste mesmo role. Fui. Com a intenção de nem me aproximar dele durante a noite. Acabamos sentando na mesma mesa. Dividindo os amigos. Foi uma noite bem irritante. Ele me deu pouca atenção. Eu senti muito sono.

No fim da noite ele chamou a mesa toda para um evento no sábado seguinte. Aceitei, mesmo sabendo que estarei em viagem nesta data. Avisei encima da hora que não iria. Percebi que ele ficou chateado e me preocupei. Preocupei com o estado de espírito dele, com a felicidade dele. Senti medo de perdermos o contato.

Mais uma semana se passou. Não deixamos de nos falar. Mais um sábado chegou. Era o aniversário de um grande amigo, estava combinado que a comemoração seria em um bar da cidade. Porém, fiquei sabendo que ele iria tocar em uma balada. Convenci meu amigo em mudar o local da comemoração. Fingi surpresa e pedi pra que ele colocasse meu nome na lista. Esperei um abraço antes do show. Não ganhei. Durante o show percebi que ele estava distante. Senti ainda mais vontade de abraçar. Percebi que estava apaixonada.

A festa acabou. Esperei pelo abraço. A balada esvaziou. Ele recolheu tudo o que estava no palco e nem olhou pra mim. Permaneci ali sentada com duas ou três amigas. Combinei com uma delas que iria esperar por ele até determinado horário. Algo me dizia que ele não iria me decepcionar. Faltando cinco minutos para vencer meu prazo ele veio até mim e me abraçou. Meu mundo parou.


Foram vários abraços. Demorados. Tentou uma, duas, três vezes roubar um beijo. Na quarta tentativa conseguiu. Retribuiu à altura do desejo dele. E desse beijo em diante, meu mundo agora já não é mais só meu.

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